sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Natação

Pode parecer um pouco de indiferença minha quanto às surpresas da mãe. Não é indiferença, é um misto, sempre misto. Primeiro que não sei demonstrar surpresa, descobri isso no meu aniversário, festa surpresa; segundo que tenho pensado muito em merecimento, e eu não merecia surpresa alguma. Pois bem, é nessas horas que penso que Deus deve ser um tanto irônico, deve gostar de rir dos humanos, afinal, não teria outra explicação para Ele nos dar coisas que não merecemos, mas o que merecemos Ele não nos dá.
Eu sabia que fracassaria, sabia faz tempo, mas não desisti. A luta é necessária e, acima de tudo, muitíssimo mais importante que a fé e a esperança, então eu lutei. No final das contas, mesmo sabendo que fracassaria, senti que fui impotente, aliàs, sinto que muitas pessoas vão sentir o mesmo ao me ver. Daí da impotência mudo pra prépotencia, já que digo "me contento com o que tenho". Acontece que o que eu tenho é grande, é forte, portanto vê-se que eu penso prépotentemente, pensando que o que eu tenho é pouco, não suficiente.
Então te digo, meu leitor, que eu também sou fraco e forte. Fraco por não lutar até o fim, me sentir vencido antes mesmo de ter realmente perdido, mas eu tenho explicações, eu sabia que não dava, se eu fizesse a prova eu corria o risco de procurar o meu nome na lista de aprovados e não lê-lo, seria catastrófico! Forte por ter lutado todos esses anos, que por mais que pareçam inúteis, já que eu não passei, foram essenciais na minha formação como gente, além de ter me posto outra faculdade na minha frente.

Ainda que eu tente por tudo na mesa, os pontos fracos e fortes, não consigo deixar de me sentir um nadador transatlântico, que se preparou para a travessia do oceano, nadou, nadou, nadou, mas morreu na praia. Vai ver é por eu ser como um atleta pré-adolescente, por mais que eu treine, jamais vou me acostumar com o meu corpo desengonçado que cresce sem parar.

Eu, meu leitor, morri.