quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O monstro que temia os humanos

Fui deixando de ser gente aos poucos. Cada minuto era uma vida nova, pois meu lado humano ia morrendo e o monstro de coração gelado tomava conta do meu ser. Foi num final de inverno quando me tomaram a minha capacidade de sentir, me obrigando a ser o que sou. Podia ficar sofrendo a vida toda, como poucos fazem, podia fazer meu papel de monstro ferindo os outros, como a maioria faz, mas preferi manter distância e estudar a humanidade. Por que mesmo eles têm sentimentos? O que faz eles se tornarem insensíveis?
De pouco em pouco minhas perguntas estão sendo respondidas. Eu entendo que quando alguém é machucado, perde a fé no amor, sendo esse o sentimento mais humano de todos os sentimentos. Aos poucos essa falta de fé se torna repulsa e sem querer ela está lá, trantando-o como se ele fosse carne qualquer que pode satisfazer os prazeres dela. Não acho que ela está errada, pois assim que ela perdeu a fé no amor que tinha por ele, acabou conquistando a liberdade de tomar a relação como casual e sexual.
Quem diria que eu, que vivi tanto tempo como um monstro, sugando dos corpos alheios, ia encontrar respostas que me falassem quem sou eu? O que eu não esperava era que quando eu descobrisse o que sou, eu mudaria. Sinto alguma coisa, e é diferente da libído. Só me pergunto se estou pronto para começar a ser gente de novo.

domingo, 25 de outubro de 2009

Adocicando

Eu tinha esquecido como era ouvir "eu gosto de você" sem sentir medo.
É melhor do que eu lembrava. Vai ver é isso que adoça minha vida.
Vida com gosto de chiclete de morango com recheio de limão: é doce, mas com um pingo ácido das mágoas que impõe. Antes com o pingo do que o chiclete ser todo azedo.
Vai ver é isso que me faz sorrir.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Azar no jogo, azar no amor

Nem tudo depende de esforço. Achei que Deus era justo aos batalhadores, mas não, Deus é alheio às sequências da vida. Escolhas da vida, me parecia sensato quando eu ouvia repetidamente. E quando não se podem ser feitas escolhas? Esse ou aquele? Não posso abrir mão de um, então tenho de abrir mão do outro? Como funciona esse negócio de ser impotente sob os caminhos que aparecem pela frente?
Não basta pensamento positivo, acordar cedo, trabalhar duro. Mas basta muita sorte, ou você acha que ganhadores da Mega Sena ganham por merecimento?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Declarações em vão

O vestido amassado não marcava a calcinha, mas deixava ela a mostra quando a garota respirava fundo. O cabelo loiro desajeitado e o olhar de ressaca davam a impressão de que toda a moralidade tinha sido despejada do alto de um arranha-céus. As pessoas olhavam com olhares repressores, julgando a posição da menina, fofocando sobre a vida que ela levava. É fato que essas pessoas não conheciam a vida dela, mas ainda sim inventavam informações e desgraças, falando sobre a sua vadiagem, seu alcoolismo, sua vida sexual muitissimo ativa.
Fui o único que resolvi falar com ela. Que foi, bela moça? Os olhos azuis se enxiam de água aos poucos, ela me abraçou. Pensei em dar conselhos que ajudassem-na a solucionar os problemas que eu nem sabiam quais eram, mas preferi fazer o que sei fazer de melhor, me calei. As lágrimas dissolviam a maquiagem, que por sua vez escorriam na minha camisa branca.
Deixei estar. Que me suje, que chore, desde que se sinta protegida por mim, eu pensei. Mas ela leu meus pensamentos e se envergonhou, saiu apressada em busca da porta. Óbvio que não pude evitar de olhar para as pernas maravilhosas enquanto ela saia, óbvio que eu podia deixar de fazer esse comentario tolo.
Volta aqui! Peguei-a pelo braço e ela disse: eu te amo, seu idiota! Pois não me disse antes por quê? Quantas vezes eu não esperava ser amado novamente, quantas vezes não procurei nos olhos das pessoas que passam pela rua o amor? Eu te amo também, mas acontece que você me machucou, eu disse. Ela não tem o direito de pisar e de amar, tem? Existe o orgulho, acima de tudo. E quando eu vou saber que ela vai me machucar de novo?
Tão bela. Se me lembro bem, nos beijavamos nos finais de semana chuvosos. Mas me jogou fora, como se eu fosse um papel usado. Eu a beijei depois da declaração, pois era isso que era esperado de mim. Mas logo em seguida liguei pra minha namorada, fui viver a minha vida, tinha mais coisas pra fazer, sei lá, me esqueci como amar.

sábado, 17 de outubro de 2009

Respiração

Eu gostava de ouvi-la respirando enquanto dormia, mas não sinto saudades. É como uma música boa, que fica na memória, que se guarda num local específico, o qual eu posso sempre buscar e lembrar. Não sinto vontade, se sentisse, eu buscaria ela pelos cabelos para que pudesse dormir ao meu lado e respirar eternamente. Basta que eu respire sozinho, que eu durma sozinho, que eu sonhe com ela, mesmo que eu não lembre quando acordar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cicatriz

É, definitivamente eu tenho medo de relacionamentos duradouros.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Talkative, but blameful

- Oh God, why do you keep falling down to pieces?
I ask myself what's the reason about this bullshit.
All about the fucking unfaithful gift of being someone new.
I've been searching for this heaven that you told me.
But all I can see is illness.

- Be brave, my boy.
Be brave.
Fell this heart near yours.
Someone would like to be felt.
So feel it!
Don't be afraid to fly again.

- We are over, sweet Lord.
We are over.
I am over.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Comparação estúpida

O verão está chegando, os dias estão ficando mais longos, mais quentes. Eu estava saindo da aula para jantar, caminhei devagar para aproveitar o clima delicioso do crepúsculo sancarlense. Durante o dia o termometro chega aos 30 graus, mas no fim da tarde pode-se aproveitar uma sombra fresca de 22 graus. Enfim, enquanto eu caminhava e aproveitava a caminhada, vi um grupo de pássaros negros. Em São José dos Campos, os únicos pássaros negros que se viam eram os milhões de abutres que povoavam o céu sem núvens de lá. Aqui, são pássaros que nunca tinha visto antes, apareceram agora, no começo da primavera. Eles são negros, como disse antes, têm bico parecido com bico de papagaio e têm uma cauda comprida, de modo que quando eles pousam, a cauda pesada segue inércia e quase o derruba para frente.
Comparação tola, mas os pássaros negros daqui são bem mais belos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Maldita memória

Hoje é um daqueles dias que eu tenho saudade de casa. A nostalgia e a saudade se dobram no peito e o calendário passa a viver em minhas mãos. É quando eu quero casa que eu analiso os prós e os contras, os certos e os errados, é quando eu analiso a minha vida.
As minhas analises são fúteis, muitas vezes. Eu olho para as valetas nas ruas e penso que o sistema pluvial da cidade é horrível. Eu olho para as árvores e penso sobre a primavera. Ouço a música e penso na solidão do momento, a tão merecida solidão que a música oferece.
Essas analises, são, sobretudo, literatura. Coisa que o leitor ia se orgulhar de ler, pois ele se cansa dos mesmos monótonos e subjetivos assuntos que meu blog trata. Infelizmente, a minha memória me priva de uma boa escrita e priva o leitor de uma boa leitura. Enquanto caminho, escrevo na minha cabeça texto após texto, cheio dos significados, ainda que sobre as mais pequenas coisas. A singularidade de cada ação, a singularidade de cada objeto, a singularidade de cada momento, que eu deixo de transpor aqui por puro esquecimento.
Largo meu rabisco aqui, inscrevendo esse texto que lembrei agora pouco. Foi quando eu andava pela rua XV, indo à caminho da USP, que eu pensei: que droga, tinha tanta coisa para escrever, mas me esqueci.

Segredos a parte

Eu acredito que é boa companhia.
Das saudades que eu tinha da cama.
Das saudades que eu tinha do carinho.
Não é malícia, é aproveitar o que me agrada.