terça-feira, 31 de maio de 2011

Neve

Essa noite sonhei que nevou em Curitiba. Eu aqui, longe, fiquei pensando na minha vó. Quando eu era criança, ela acordava nas madrugadas de inverno para ver se nevava. Se nevasse, ela me acordaria e nós dois iriamos correndo para o jardim da casa dela. Meu sonho era ver neve. Mas nunca nevou e acho que não sonho mais com neve. Me pergunto se ela sorriu ao ver os flocos de gelo caindo do céu ou se ela amaldiçoou o frio e foi para debaixo das cobertas e dos edredons.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Lua

Olhei a Lua alaranjada e pequenina lá no céu. Infinitamente longe. Infinitamente só. Senti um frio correr a espinha, descendo à parte detrás das coxas. Era um medo que se movia do meu peito para as costas e para as pernas e para os pés e para onde quer que esse medo quisesse ir. Era uma solidão infinita, que nem a da Lua. Meus olhos se encheram de lágrimas, senti uma pontada na garganta e me deparei com a realidade: Eu jamais veria a Lua de perto. Jamais sentiria a sua areia fina e gelada por entre os dedos dos meus pés. Jamais deitaria atrás de uma montanha, escondido do Sol, para olhar as estrelas, os outros Sóis, o universo inteiro. E eu e a Lua vamos continuar solitários. Ela lá, eu aqui. Cada um sentindo a falta que o outro faz.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Amo vocês

Alguma coisa aconteceu entre o dia que eu nasci e hoje. Eu não consigo descobrir o que é, por mais que eu nade nas minhas memórias e todas, mas todas, as vezes eu me afogue. É isso, respirar de novo e mergulhar. Memórias e memórias e memórias, mas nenhuma delas me explica onde eu me perdi. Onde foi parar aquele garoto maduro, amoroso e romântico? As pessoas crescem, vai ver é isso. Então eu desejo aos meus filhos que fiquem pequenos por toda a eternidade, correndo descalços na grama molhada, sujos de patas de cachorro por toda a roupa, comendo bolo de chocolate com as mãos sujas. Não crescam, minhas crianças. Passem o dia com a sua avó, contando sobre os casos e acasos da vida. Deixem que ela conte histórias para você enquanto vocês comem pinhão. As histórias são tão mais belas que as experiências. Aprendam a andar de bicicleta comigo, nós podemos tentar de novo todo final de semana nos parques gelados da cidade até nos tornarmos bons motoristas. Meditem com a sua mãe, deitados na cama prestando atenção na música. Prometo que nunca vou deixar que ela deixe de acariciar as tuas pequenas e magrelas costas, meus pequenos. Só não crescam, por favor. Não vão embora. Não me deixem sozinhos. Só queria saber quando fiquei tão fútil, seco e vazio. A solidão me fode, enquanto eu tento dormir, para tentar acordar, para viver.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bom dia, Brasil

4h41. Amanhã, ou hoje, acordarei as 7h. Pensando bem, é melhor nem dormir. É impossível acordar com apenas duas horinhas de sono. Que vida... O problema não é saber que tenho que acordar daqui duas horas. Nem saber que amanhã tenho aula o dia todo. Poderia muito bem passar o dia todo dormindo nas carteiras enquanto os professores tentam pôr alguma coisa útil nessa minha cabecinha vazia. Mas não posso dormir, tenho uma prova daqui dois dias, outra daqui três. E daqui três dias eu vou estar envolto no mais incrível arrependimento de não ter estudado mais. Quando, na realidade, eu estive com insônia. Só insônia. Ah, se Deus me permitisse dormir. Ou me permitisse estudar o dia inteiro, sem sentir sono! Ah, insônia, adorável insônia, obrigado por acabar com mais um semestre acadêmico.