domingo, 27 de julho de 2008

Sobre o frio

A pele desnuda pediu por calor. Frio que mata me fez bem. Congelou o corpo, o coração e a mente. Esse frio maravilhoso que me traz Curitiba em memórias tolas.
E o baruho da chuva calma toca os vidros assim como mãos suaves tocam tambores, dando uma trilha sonora às minhas lembranças.
Não digo que são lembranças claras, pois não são. Na realidade é apenas um sentimento que completa o incompleto eu.
Incompleto assim, pedindo um lugar pra viver, pois os lugares que chamo de casa eu não vivo, apenas sonho. E é por causa do frio que me torno completo, de sonhos congelados, de Hojes vividos. Sem aquela obrigação de obrigar-se a algo indefinido, apenas na espera liberta da obrigação definida. Obrigação essa que deve levar-me para uma vida, como sempre quis.
Esse fervor dos sonhos me iludiu, quente é o inferno. Quero a fria vida, gélida vida... Vida.

sábado, 26 de julho de 2008

Sobre um enredo debochado

Sexo.
A nossa personagem seria feliz, não fosse o obstante desejo pelo amor.
Amor.
A nossa personagem seria feliz, caso ignorasse o amor.
Ah, menino tolo, sexo!
Menino dos olhos afoitos essa nossa personagem. Perdido nos olhares perdidos das moças à fora. E dos ohos ele espera a aceitação. A nossa personagem quer o peito, as curvas, o sol quente do meio dia nos olhos cerrados semi-acordados. Os olhos aflitos procuram um seio amigo para o menino pousar a face.
Se esquecesse do amor teria os seios, mas a nossa personagem é descontente com o prazer. Não basta o orgasmos e os arranhões nas costas. Ele quer a pulsante paixão, o sedento amor.
Amor.
A nossa personagem ganharia um nome, mas o enredo precário não permitiu que ele ganhasse o tal.
Sexo.
Ele seria feliz, não fosse a monotonia: amor e sexo, sexo e amor.
Estória.
Seria uma, caso tivesse começo, meio e fim. Mas só tive o tempo de criar o medíocre e apaixonado sujeito: sem nome.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Sobre os meus vícios

Incansáveis. Ou inacessíveis. Decidi dar um basta aos estúpidos vícios. Não por bobos, mas por serem vícios. A palavra vício, por si só, já denota a maldade que existe dentro do viciado.
Larguei de vez, pois atrapalham a vida. As vezes espero que embebido de mentira o vício me proporcione prazer. Acontece que o vício não é prazer, é necessidade. Não as verdadeiras necessidades, mas as que o corpo impõe.
Dou fim aos seguintes tópicos, por princípio, ou até cansar-me do "anti-vício": chega de amor, primeiramente; chega de sexo, esse torna-me desesperado; chega de paixões, pois a paixão vira amor; chega de esperança, pois essa muda o meu jeito de ser, tornando-me um babaca; chega também dos vícios desnecessários, vulgo seriados e álcool; chega também de você, pois conseguiu me transformar num sujeito de orgulho ferido num homem sem orgulho algum.
O pior do vício não é ele em si, é você nunca ouvir "vício é bom"... E mesmo assim viciar-se, sem medo de ser um viciado.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Sobre as coisas

Transição boba esta...
Que cala sem pedir,
Manda sem gritar.
Só muda, pois assim exige.

São essas coisas cálidas, pálidas.
Por elas calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!

Mas me revoltam essas tais coisas,
Que pedem o especular novo
E não me contam o que é o novo.
Esse novo incerto: se bom ou se ruim.

Boba mesmo, pois insegura.
Traz com ela o espetacular medo.
Mudar gera medo,
Portanto as coisas assustam.

Medo do novo,
Medo do velho,
Medo de ficar,
Medo de mudar.

E é por isso que pede,
Pois as coisas talvez melhorem.
Talvez não, essa insegurança que mata!
Ah, que mudem... São tão fortes as coisas...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Sobre a usual exposição

Meticulosamente colocados.
Espaçados por precaução.
Não que eles iriam se bater,
Ou que o espaço fosse necessário.

E eu martelei, bem forte.
Com uns pregos bem duros.
Incansavelmente bati,
mas me cansei.

Nenhum furo foi feito.
E os quadros largados
Esperavam um competente.
A arte pediu um substituto.

Me senti ofendido e ofendido bati.
Muito mais força, mas não consegui.
Tentei desistir, mas ah!
As ofensas continuaram.

A arte pediu a mão do outro.
Aquele que os dispôs sem cuidado.
Aquele que espaçou a vida.
Fez de tudo bem fácilmente.

Daí parti pra ignorância!
Peguei o martelo e dei neles!
Foda-se o outro! Foda-se a arte!
Quero vê-los todos de martelo na face, malditos!

domingo, 20 de julho de 2008

Sobre as mudanças de sempre

Todas as vezes que vim pra cá estive a procurar mudanças. Mudanças no comportamento do grupo ou no meu comportamento. Daí eu encontro uma mudança pequena, transformo-a em uma grande mudança. Depois de um tempo vejo que nada mudou.
Agora encontrei uma mudança, não tão pequena, até um pouco encomoda. Na verdade vi essa mudança a muito tempo, mas costumava fechar os olhos e fingir que ela não existia.
Eu não mudei, mas o grupo "amigos" mudou. Não exatamente uma mudança comportamental, mas uma mudança de estruturação. Antigamente tinhamos um grupo rígido, na grande parte dos momentos um grupo louco. Agora o grupo não é tão rígido, nem tão louco. Talvez a parte não louco seja boa para a minha cabeça de "forever adolescente". Mas a parte da rigidez me assusta.
Daí olho pra dentro de casa, o grupo "família" também sofreu uma mudança de estruturação. "Mãe + Leo", ponto. O que também me assusta.
Não é exatamente medo, mas o assustar é uma reação comportamental minha, uma mudança não aceita. Fico sem graça ao sentir "meus grupos não são mais os mesmos" e em vez de procurar novos grupos fico sempre tentando acreditar que os grupos não mudaram, iludindo a minha cabecinha tola.
Sinto o que senti, apenas.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sobre o esquecimento

É, esqueci do blog. Não sei se por conveniencia ou por preguiça. Sei que não tenho aquele desejo de escrever. Escrevo agora pra dar satisfações a ele, o próprio esquecido.
Ainda gosto daqui, ainda escreverei aqui, mas quando eu quiser. E não quero.
Um beijos.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sobre um passado remoto

Eu tinha uma grande amiga. E ela cantava pra eu dormir, no meio da minha completa solidão que a noite trazia. Eu ainda sei o nome dela. E sempre quis saber sobre as mudanças da vida dela.

Mas eu não sei onde ela mora, não vejo mais a face dela, não sei mais onde ela está.

E a minha amiga sumiu, pra esse todo sempre.

Sobre velharias, parte 2

Rua
Torta.
Lua
Morta.
Tua
Porta.

sábado, 12 de julho de 2008

Sobre velharias

Estive a fuçar o passado e encontrei algumas poesias e crônicas. A mais interessante é esta:

"O Corvo

Qual o motivo da minha felicidade?
Foi tudo culpa daquela noite de sábado...
Até os passarinhos cantavam...
E passarinhos não cantam à noite...

Eu perguntei a ele:

- Desde quando passarinhos cantam à noite?
- Não são passaros... É o alarme do meu carro...
- Seu carro está sendo roubado! Corra!
- Não, são só passarinhos...
- E que diabos é aquele homem?
- Um ladrão...
- Ele acabou de assaltar o seu carro! Corra!
- Que nada... É só um passarinho...

E o homem tomou sua forma de corvo e saiu voando em busca de mais carros..."

Sobre o novo quarto

Acontece que madre tem uma mania agradabilíssima: mudar. E ela mudou meu quarto, que ficou bem bonito, mas ela não ficou contente com a nova configuração, portanto mudou de novo. Aí sim, o quarto ficou bonito.
É tudo em prol da necessidade: a luz alaranjada é pra... acabei esquecendo... Enfim, cromoterapia. A cama de "casal" é pra eu me sentir realmente em casa, pois lá na minha terra durmo num colchão desconfortável.

É tudo em prol da necessidade: a luz alaranjada é vermelha e a cama é de casal.

Estou cobrando barato, mas com amor é mais caro.
O meu amor é o mais caro.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sobre as nuvens... ou a redundância

Se eu mencionasse as nuvens
Ou a chuva molhada
Ou o medo perdido...
Seria eu redundante?

Até parece que eu sempre estive aqui.
Mas não, sempre estive aí.
Mesmo aí, ou aqui, sempre estático.
Pedir cinema seria muito?

Se das nuvens surgisse um anjo
Ou talvez a voz de Deus
Ou um raio assustador...
Os olhos iriam mentir?

E quem sabe da claridade?
Talvez o branco me fizesse brando
Ou o preto me fizesse livre.
Assim seria bom! ... Ou ruim?

A redundância das escolhas.
Sempre um telhado quebrado.
Goteira que pinga-pinga-pinga.
Até fazer alguem surtar.

E a felicidade reprimida,
Disfarçadas entre sorrisos.
E o amor... as nuvens...
Seria o meu poema redundante?

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sobre a felicidade e seus mil meios

Apresentou-me rapidamente. Como se tivesse esquecido de mim. Não que eu não fosse feliz outrora, mas era essa felicidade que eu queria, a felicidade de antigamente.
A felicidade dum abraço, dum carinho, das surpresas. Deitar ao colo da mãe como uma criança, antes indefesa, hoje carente. Alimentar o antigo vício com a família, passar horas a fio em frente uma tela, vivendo uma vida de mistérios que não é a nossa sofrida vida. Sentir os amigos bem perto, o calor dos braços, os cheiros, as palavras. Palavras que antes eram letras hoje são vozes. A felicidade de ouvir fofocas de adultos, por ouvir, desinteressando, mas atento. O calor do felino num dia de inverno. A comida sagrada da vó.
É tanta felicidade que duma hora pra outra me sinto novo. Não novo pra recomeçar, mas novo pra ser aquele que era antes. Não é um preparo para o retorno, nem penso nele. É só o coração sendo regenerado. Ele que sofreu, sentiu saudade, sentiu desprezo, sentiu medo, sentiu que se perdeu nas estradas da vida.

É mentira, dinheiro compra a felicidade. A felicidade não compra dinheiro. E é esse fascínio por dinheiro que eu tenho. Não o fascínio pela felicidade. Felicidade não é consequência, nem um projeto de vida, muito menos um desejo. Felicidade é agora, com ou sem dinheiro.

Felicidade é assim, bem simples. Um pouco de realidade na vida dum emigrante saudoso.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sobre interjeições ao vento

Aiai, aiai cheio de palavras.
Aiai cheio de cansaço,
Ah cheio de surpresa,
Caralho cheio de mil significados diferentes, dos melhores aos piores.

A pura ignorancia social. Povo ignorante que não diz o que quer dizer e quando diz diz... Ufa.
Talvez seja mais como um exemplo de comunicação expressiva que não precisa de muitas palavras pra denotar uma opinião.
Não necessariamente ignorancia, pois a ignorancia é simplesmente a falta de opinião. E a massa, por mais ignorante que seja ainda tem seu pingo de opinião. Das poucas palavras costumam expressar-se pela comum interjeição, que diz muito sem dizer nada.

Aiai, ignorancia mata.

Sobre este

Esperava ser ebûrneo, numa ebulição não efêmera que eclipsaria todo o elenco.
O Éden ecoou num efeito estúpido que me fez buscar o edredom. Educado a escutar o Elevado, que fingiu um elo eloquente emanando emoção, fui enganado. Empilhei as empoeiradas estrófes que, empolgadamente, me encaixavam com o Encantador.
Estive enamorado, encasquetado com a enchente desse enciumado que vos escreve me vi encoberto dum encômodo encorpado. Encostei a cabeça nos teus ombros... É, encravei fundo no peito mais uma endemoniada encrenca, que enegreceu o enfezado eu.
Endoidado com os enfileirados enredos que me enrolaram num, antes entendido, ensaio envelhecido, me envolvi numa insuportável enxaqueca.
Ah, esse esboço de escárnio escusado que esmagou o meu exército. Transformou a euforia nesse exangue. Estatelado como esmeralda esquecida, que mesmo especial nunca engrandeceu.
Espreguissei-me, cansado desse empirismo emplumado que esquece dos eventos extrapolados que me deixaram sem escapatória.
Escaldado com o escarlate, espirei o espirito. Estonteado, propus estímulo, mas o etanol só eternizou o exaspero.

Eduardo explodiu. Extemporâneo exaltou num êxtase extenso que o fez extinto, extipado pela última vez.

domingo, 6 de julho de 2008

Sobre o inevitável

É, ou foi, invevitável aquele sentimento tolo, tolo por si só.
Só por si só, não pela definição, nem pela solidão.
Só pelo modo em que os caminhos tomam seus jeitos.
Trejeitos que estiveram rindo dos meus desejos.

Desejos, que por mais que fossem belos, eram bobos.
Bobeira que me fez mais monótono, ou além.
Amém, quis gritar, mas o silêncio gritou mais alto.
Portanto o luar obteve a sua vantagem.

Aquele que esperava não devia,
Não pelo motivo do medo, ou do frio.
O frio o fez mais inteligente,
Mas o medo ainda tomava conta dele.

Medo do bem, de quando em quando.
Mas o bem era um disfarce.
Tinhamos o mal em sua face,
E a beleza impressa no corpo.

É a beleza que fez-me o que sou.
O corpo alheio que esperou a minha decadência.
Os olhares que esperaram meu sorriso.
E eu... sorri... pra não cair, mas cai.

Sobre dançarinas

Uma rodada para o senhor.
Aquele que esquece o que é viver.
Esquece da vida, procura o bar.
Uma dose praquele que não deve beber.

As dançarinas excitam o público,
Mas não o senhor que não aguenta mais beber.
Senhor esquece o que é sedução, paixão.
Uma rodada de peitos e bundas para o bêbado.

Ah, maldita cachaça,
Fez do homem desgraça.
Ele que tinha planos, um futuro.
Ele que sustentou uma família.

Mais uma dose.
E ele regurgita as dores,
Os amores de ontem.
E come insensatamente, por comer.

A fome fugiu daquele corpo embriagado.
Sujeito barrigudo que agora só vê.
Vê e não sente.
E elas rebolam.

Aquele rebolado, gingado,
No mais sensual ritmo.
Prum homem que nada quer,
Homem que nada sente.

sábado, 5 de julho de 2008

Sobre flores

Delírios de lírios.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sobre a poesia

Poeta é aquele que tem toda a força e toda a profundidade de apertar a frase no pulso, domá-la, não deixar disparar pelos meandros da escrita.
E é por isso que não sou poeta. Os meus pulsos fraquejados são desacostumados com o turbilhão das frases que aparecem no papel, muito antes de eu pensar nelas.
Poeta é aquele que controla a escrita. Talvez eu tenha um pouco de poeta em mim. Controlo as palavras, mas derrubo-as sem querer. E é sem querer que os poemas surgem: das palavras controladas, manipuladas pelo descontrole do meu coração.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Sobre o câncer

Sou o tal câncer. Típico câncer. Sujeito da água, não das águas. Calmo, parado. Sou o câncer, aquele ultra-sentimentalista excessivamente quieto.
Até as águas revoltarem-se com a tempestade.
Sou o típico câncer, explosivo, hiperativo. Sou o câncer, aquele que não sente e é excessivamente piadista. O câncer que se espalha pelo corpo, cresce e faz doer.
Sou o câncer, o amor e o ódio. Doença incurável. Aquele filho da Lua, ora guerreiro, ora filósofo... ora lixo, apenas.

Sou o câncer... mais instável impossível.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sobre os vinte

Já me vejo velho, de tempo passado.
Vejo o futuro, ou pelo menos idealizo-o.
Finjo pedir a Deus, mas peço a mim,
Peço aos números repetidos do relógio.

Quero o mais nobre castelo,
Na mais nobre cidade.
Quero a mais nobre família,
O mais nobre amor.

Escolho línguas, empregos, carros.
Devaneios que suprem o capitalismo excessivo.
De que me adianta querer?
Mentiste ao dizer que isso é poder.

Quero sair dessa maldição,
Preso pra sempre aos dezesseis.
Já vejo chegando os vinte,
Mas do lugar saio não.

Culpo Deus.
Não culpo a minha burrice,
Não culpo as horas.
Culpo aquele que não pode se defender.

Poderia eu viver na boemia,
Sentir os intensos prazeres.
Mas quem me daria a nobre vida?
Portanto luto, incansavelmente cansado.