terça-feira, 8 de julho de 2008

Sobre a felicidade e seus mil meios

Apresentou-me rapidamente. Como se tivesse esquecido de mim. Não que eu não fosse feliz outrora, mas era essa felicidade que eu queria, a felicidade de antigamente.
A felicidade dum abraço, dum carinho, das surpresas. Deitar ao colo da mãe como uma criança, antes indefesa, hoje carente. Alimentar o antigo vício com a família, passar horas a fio em frente uma tela, vivendo uma vida de mistérios que não é a nossa sofrida vida. Sentir os amigos bem perto, o calor dos braços, os cheiros, as palavras. Palavras que antes eram letras hoje são vozes. A felicidade de ouvir fofocas de adultos, por ouvir, desinteressando, mas atento. O calor do felino num dia de inverno. A comida sagrada da vó.
É tanta felicidade que duma hora pra outra me sinto novo. Não novo pra recomeçar, mas novo pra ser aquele que era antes. Não é um preparo para o retorno, nem penso nele. É só o coração sendo regenerado. Ele que sofreu, sentiu saudade, sentiu desprezo, sentiu medo, sentiu que se perdeu nas estradas da vida.

É mentira, dinheiro compra a felicidade. A felicidade não compra dinheiro. E é esse fascínio por dinheiro que eu tenho. Não o fascínio pela felicidade. Felicidade não é consequência, nem um projeto de vida, muito menos um desejo. Felicidade é agora, com ou sem dinheiro.

Felicidade é assim, bem simples. Um pouco de realidade na vida dum emigrante saudoso.