terça-feira, 1 de julho de 2008

Sobre os vinte

Já me vejo velho, de tempo passado.
Vejo o futuro, ou pelo menos idealizo-o.
Finjo pedir a Deus, mas peço a mim,
Peço aos números repetidos do relógio.

Quero o mais nobre castelo,
Na mais nobre cidade.
Quero a mais nobre família,
O mais nobre amor.

Escolho línguas, empregos, carros.
Devaneios que suprem o capitalismo excessivo.
De que me adianta querer?
Mentiste ao dizer que isso é poder.

Quero sair dessa maldição,
Preso pra sempre aos dezesseis.
Já vejo chegando os vinte,
Mas do lugar saio não.

Culpo Deus.
Não culpo a minha burrice,
Não culpo as horas.
Culpo aquele que não pode se defender.

Poderia eu viver na boemia,
Sentir os intensos prazeres.
Mas quem me daria a nobre vida?
Portanto luto, incansavelmente cansado.