Vejo o futuro, ou pelo menos idealizo-o.
Finjo pedir a Deus, mas peço a mim,
Peço aos números repetidos do relógio.
Quero o mais nobre castelo,
Na mais nobre cidade.
Quero a mais nobre família,
O mais nobre amor.
Escolho línguas, empregos, carros.
Devaneios que suprem o capitalismo excessivo.
De que me adianta querer?
Mentiste ao dizer que isso é poder.
Quero sair dessa maldição,
Preso pra sempre aos dezesseis.
Já vejo chegando os vinte,
Mas do lugar saio não.
Culpo Deus.
Não culpo a minha burrice,
Não culpo as horas.
Culpo aquele que não pode se defender.
Poderia eu viver na boemia,
Sentir os intensos prazeres.
Mas quem me daria a nobre vida?
Portanto luto, incansavelmente cansado.