quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Museu

Dizem por aí que museus são feitos de velharias, são tolos esses que dizem tal blasfêmia. Os museus guardam a arte, sobretudo, de todos os tempos, e ainda guardam a história em imagens ou palavras. A História começou no dia que alguém decidiu criar um museu, ainda que tenha sido um museu pessoal. Começou quando um homem colecionou o passado de uma outra pessoa, com o objetivo de entender o mundo de antigamente.
Todos nós somos museus, criando, reservando e armazenando histórias. Histórias de nós mesmos, histórias dos outros, histórias da História. Eu lembro bem daquele amigo de infância, que era meu irmão, não de sangue, mas que jamais me deixaria. Tinhamos planos de viver juntos para sempre, de sermos vizinhos, de termos filhos que se tratem como bons primos se tratam. Aconteceu que perdemos contato, não viveremos juntos, nem seremos vizinhos, nem teremos filhos que se tratem como bons primos. Eu lembro bem daquele amigo de infância, que era meu irmão, não de sangue, mas que jamais me deixaria. Tinhamos planos de crescer juntos, de descobrir o mundo juntos, de atravessar à adolescência como vencedores. Aconteceu que perdemos o contato, até crescemos juntos, até descobrimos o mundo juntos, até atravessamos à adolescência como vencedores, mas nos perdemos com o tempo.
As histórias estão guardadas na minha mente, cheias de sentimentos. No começo a euforia, depois o descaso, assim são os relacionamentos. Mas hoje eu não vivo de passados, vivo de orgulhos. Como é interessante ter orgulho de alguém. Cada um com o seu sonho, cada um com a sua luta, e quando esse cada um acredita e conquista tal sonho, é um vencedor. Hoje, meu melhor amigo não é parte do museu, há de ser algum dia, mas tudo a seu tempo. Hoje, meu amigo, que não é de infância, nem de muito tempo, conseguiu pôr em prática um de seus projetos. Admito que não é lá grandes coisas tal projeto, na minha cabeça não é, mas na dele é. É só por isso que meus olhos se enxeram de lágrimas e eu pensei comigo "Que os sonhos, por mais tolos que sejam, um dia se realizem."

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Blá blá blá

A desvantagem de ter um amigo imaginário.

- Escreve!
- Escreve sobre o que? Não quero escrever...
- Escreve!
- O que, porra?
- Escreve! Põe as palavras sublime, páginas, segredo, juntas!
- Meu, o que tem a ver?
- Põe! Vai ficar bom!
- Como assim? Não vai ficar bom.
- Ah, então faz uma fábula!
- Que?
- Sobre uma raposa e o seu amigo!
- E o que acontece?
- Ah, a raposa faz seu papel, que é a de trair o amigo.
- Eu prefiro gatos.
- Então escreve uma fábula onde o gato trai o amigo.
- Não acho que gatos sejam traidores.
- Então diz que o gato guardava páginas de segredos, ele era escritor...
- Meu, pára.
- Escreve!
- Não vou escrever! Cala a sua boca!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Luto

Choque
Ele não acreditou no que ouvia, seus músculos se contrairam, seus poros se abriram e deles saiu o suor frio. Não obstante com o choque, se pôs a rir, zombando da situação.

Negação
Não negou a existência do ocorrido, na bem da verdade, conseguiu captar rapidamente a informação, dando tempo só para a calma instaurar e o choque passar. A negação surgiu quando ele disse estar bem, negando todo sentimento que ele sentia naquele momento turbulento.

Raiva
Não foi uma única vez que ele se perguntou da sinceridade, da amizade, do amor, dos sentimentos como um todo. De pouco em pouco ia notando que o estômago doia, sentia uma náusea horrível que lhe dava vontade de vomitar. Ele não negava mais, sabia que sentia algo, mas antes de qualificar qualquer sentimento, prefiriu entender. Mania dele, entender. Era culpa de quem? Culpa de todos, que faziam descaso da amizade, do amor e da existência dele. Que raiva daqueles filhos da puta, ele pensava. Queria odiar todos, inclusive aqueles que não tinham nada a ver com a situação.

Depressão
Passou a raiva dos outros. Não queria mais odiar ninguém, só queria se odiar, afinal foi ele o culpado. Era tudo simples, até que ele começou esse processo desgastante, julgando necessário mexer com algo que não deve ser mexido. Ele foi burro em acreditar que as coisas passam, que as pessoas mudam, que as coisas funcionam. Ele foi coitado em ser usado, em ser julgado, em ser traido. A única vontade era de se esconder no escuro, para que as dores do estômago pudessem queimar o peito todo e acabar com a dor no coração. Queria chorar, pois se via sozinho e de ideais estraçalhados.

Aceitação
É verdade que, no fundo, ele não ficou surpreso. A qualquer hora isso poderia acontecer, no fundo foi bom que aconteceu. Agora ele se sente mais claro da vida, mais inteligente, mais malandro. É, às vezes a malandragem não faz bem, mas acontece, não podemos evitar que ele se torne o que vem se tornando. Não é culpa dele, é verdade. O pior é que ele não liga, não se importa com mais nada. Esqueceu que é bom amar, só sabe que a solidão lhe faz bem. Que fique assim, com saudade do carinho da mãe, pensa ele.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O monstro que se sentiu humano

Passei por bons bocados, senti um pouco como é ser gente, afinal senti um pouco. Mas a realidade nos mostra quem realmente somos, podemos evitar a verdade, mas não podemos ignorá-la. Uma hora acabamos nos vendo sem saída, debatendo-se no mesmo lugar, aquele do qual nós estavamos lutando tanto para sair. Acontece, às vezes nos contentamos, cansados do nadar e morrer na praia. E admito, eu só não lutei mais por temer ser machucado, eu sou assim, sempre medroso. Mas que bom que tive medo, eu sou muito melhor monstro.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Simplicidade

You know me, talking and fucking are always holding hands.

sábado, 7 de novembro de 2009

Turbilhão

Me perdi na insanidade. É plausível, já que os meus pensamentos desaguam em mil mares diferentes. Minha mentalidade estúpida que me toma a noite toda, não é que ela me esteja dando insônia, é que me canso de pensar em dormir quando tenho tanto a pensar. Podia eu me deitar e lembrar de quando a vida era mais simples, mas quando foi isso? As coisas são complicadas desde que me conheço por gente, nós temos medo de morrer, nós temos medo de viver, nós temos medo de amar, nós temos de ser amados. Podia eu me deitar e ficar encarando a galáxia que fica na minha parede, escolhendo onde vou criar uma imagem, uma história, um passado e um futuro. Ou podia me deitar e dormir pra sempre, até que unhas leves me acordassem com um carinho eterno, ou seja, não teria motivos pra levantar. Aliás, esse desânimo todo provém da cabeça. Ela me põe em posição de defesa quando eu só pretendia estar sorrindo. Sorrindo e sofrendo, existe um meio mais belo de enfrentar o dia?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Prós e contras

Eu não dou muita atenção para as pessoas a minha volta. Dou atenção ao meu umbigo e ao meu jeito de viver. Nesse jeito de viver, as pessoas vão passando. Presto atenção por pura curiosidade, procuro entender suas manias, seus jeitos, seus pensamentos. É verdade que não sou curioso, mas tenho uma paixão pelo entendimento da psique humana.
Não tenho vontade de saber quem faz o que, ou quando faz, ainda que eu adore uma boa fofoca. Nos entremeios da minha curiosidade iminente, digo que me importo com os méritos das atitudes. Gosto muito de dar pontos positivos e negativos para as escolhas que as pessoas tomam. Não é que eu esteja me subordinando a espionar a vida alheia, é só um aprendizado, um pouco de reflexão do que eu faria ou deixaria de fazer.
É meu mal, querer entender. Sou muito científico e matemático, não basta classificações vazias como a bondade e a maldade, com isso justifico o meu placar que soma os certos e os errados. Já tive meu tempo de buscar a beleza do espírito das pessoas, esses com essências boas ou ruins, mas essas crenças passam, ora ou outra as fés desabam, dando espaço para novas fés. Daí veio essa crença boba do mérito. Sei lá, vai ver, em seguida, eu preze pelo passado e pelas histórias, classificando as pessoas de acordo com o seu histórico. Basta que um dia eu veja que estou errado e que eu entenda que Deus não faz justiça por mérito e sim pelos antecedentes... Tudo a seu tempo...