sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Liberdade

ando pra lá
e pra cá
não me aguento
em agonia
pra lá
e pra cá
imaginando uma trincheira se abrindo
sob meus pés inquietos
à la Pato Donald.

pra lá
e pra cá
inquieto
esperando
o Sol nascer
e morrer
e nascer
e morrer.

pra lá
e pra cá
tocando com os dedos dos pés
a ponta do precipício
sentindo a brisa que sobe lá debaixo.

abro as asas
quero pular
fecho as asas.

ando pra lá
e pra cá.

alongo os braços
e as pernas
e as asas.

quero pular.

Paciência, meu anjo.
Paciência.
meu Deus me diz

que agonia.

quero voar.

e a Felicidade,
lá longe,
esperando por mim
há mais tempo que eu
espero por ela.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Pela reforma do Estado brasileiro

Enquanto o Estado for mais uma empresa, a qual gera lucros para os empresários e o seu alto escalão, o brasileiro não abrirá os olhos para o real significado de política. O Brasil inteiro tem nojo de política, pois quem faz política, é ladrão. A sociedade precisa entender que o Estado não é nada mais do que um apêndice dela mesma, portanto é imperativo que os políticos sejam cidadãos comuns, não políticos profissionais como o são hoje, ou representantes de uma oligarquia, ou criminosos que tem como objetivo o enriquecimento às custas de verbas desviadas de gabinetes públicos.
E me dói quando ouço, como justificativa de um requerimento popular, as palavras "eu pago meus impostos". As pessoas tem esse breve costume de entender que seus direitos devem ser respeitados devido às suas obrigações com o Estado, mas é o Estado que tem obrigações com o cidadão. É claro que o cidadão deve pagar os seus impostos, pois o Estado depende deles, mas o requerimento popular deve ser justificado pela simplicidade que é ser cidadão. O Estado existe para organizar a sociedade, de modo que ela funcione com saúde, segurança e educação, não o inverso: a sociedade existindo para que membros do estado vivam com saúde, segurança e educação.
Enquanto o brasileiro não fizer política diariamente, os políticos profissionais não deixam seus cargos. E por fazer política, não digo reclamar da situação precária do sistema político nas redes sociais, nem votar em branco ou nulo esperando obter novas eleições, mas sim trabalhar por um sistemas sociais eficientes, sejam urbanísticos, industriais, criminais, ecológicos etc. A eficiência social é a nova política, o Estado como um apêndice da sociedade, não um sistema burocrático que permite desvios de conduta.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Nostalgia póstuma

Meu medo tem sido o de, ocasionalmente, sentir saudades do passado. Daquelas nostalgias decadentes em que se ama o que já se foi há muito. Ora ou outra, chegarei a esse ponto. A vida perdendo o significado que hoje ela tem, um grande leque de possibilidades, de futuros incertos e tão bons ou ruins como o dia de ontem me foi. Medo de perder a esperança que a vida pode ser melhor, fadado à simples divagação de que só os ontens foram dias valiosos. Sem a fé de que existe algo fantástico reservado a ser vivido. Pois hoje a vida me parece tão fantástica que só me sobram lembranças saudáveis de tudo o que já passou, boas ou más memórias, tão conscientemente guardadas no meu cérebro para aprender com as lições já tomadas. As felicidades guardadas com um sorriso no rosto que tenho a decência de hastear como bandeira para todo o mundo ver. As tristezas como um livro já lido numa estante, com todas as suas palavras guardadas na mente para que eu evite cometer os mesmos erros. O passado como um presente divino, o presente como um milagre da vida e o futuro como uma promessa. Sem nostalgia dolorida, só a saudade orgulhosa.