quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Prisão

Preso em uma solitária, esperando por liberdade. Enquanto isso falo com os ratos sobre os noticiários lá fora. Eles me dizem que eu não preciso falar sobre isso: pode desabafar, fale sobre o amor. Já me bastam os ódios que o mundo sofre, não preciso dos amores, pelo menos assim eu tento enganar os pequenos roedores.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Não diz nada

Elas têm esta mania boba de se expressar. Não é que eu tenha algo contra à paixão, muito pelo contrário, acho a paixão um sentimento mais precioso que o amor. Só desgosto do jeito vicioso que me dizem o que sentem. Não precisa ser dito, fica no calor da relação, afinal nem tudo precisa ser qualificado. Sei que já disse que amo, não me arrependo de tal fato, mas ainda acho que errei. Não por ter expressado meus sentimentos, mas por ter caido no estereótipo que estou criticando. É por isso que eu mantenho essa falsidade: don't ask, don't tell, fica como está. De quando em quando evolui, dos beijos às cobertas, das cobertas ao sexo, do sexo ao comprometimento, mas que evolua com seu jeito natural de evoluir.
Como diriam os Pokémaniacos: Não vale a pena dar Rare Candy para o Pokémon evoluir, é melhor que ele ganhe níveis lutando. (oh fuck, nerd mode on)

domingo, 23 de agosto de 2009

Início sem fim

Era madrugada, quando decidiu ousar, dar início a um projeto. Ele jogava as tintas no lençol branco, afirmava que um dia aquele lençol seria um quadro valioso. Os anos foram passado e o lençol esquecido foi reencontrado ao lado da máquina de lavar roupa.
- Meu Deus, que porra é essa? São rabiscos, é tinta escorrendo, é sujeira!

Atrás do velho lençol, ele começou a desenhar um rosto, o seu rosto, afirmava que um dia aquele lençol seria um quadro valioso. Mas, como era de se esperar, ele nunca acabou o que começou. Passaram-se mais alguns meses e ele olhou pro lençol.
- Meu Deus, que zona... Dum lado, a sujeira, do outro, um desenho de um moleque narigudo... O que isso faz aqui?

Jogou o lençol do lado da máquina de lavar, onde jogava tudo que ia começando e parando: o futebol, o jóquei, o francês, o italiano, o romance que escreveu, a pós graduação, a sua mulher, os seus filhos e suas paixões.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ensaio

Ela estava com os braços para cima, olhando fixamente para a luz que cegava os dois, enquanto isso ele provia prazer, fazendo carinho nos braços brancos dela. Aos poucos ele seguia o tronco, desviando pelos cantos dos seios, fazendo ela sentir que não se tratava de apenas um carinho besta. Ofegante, ela fechou os olhos, deixou que ele a excitasse, a divertisse, mesmo sabendo que os dois estavam fazendo algo que não deviam fazer. Não sei como, a consciência dele não os afastou, permitindo que ele a provocasse, como se esperasse que quando as luzes se apagarem ambos ficariam desnudos.

Eu estava sozinho, estava assustado e queria acreditar que era injustiça, afinal era eu que precisava de um novo segredo, de um novo amor. Tudo a seu tempo, creio eu, que eu fique sem as diversões e fique só com os mesmos sexos sem graça.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Pobreza

Essa é boa de escrever: era amaldiçoado pelas próprias escolhas, por isso tinha medo do futuro, do presente e do passado. De quando em quando fazia suas cagádas, prá depois tentar dizer sem dizer que precisava de ajuda.

sábado, 8 de agosto de 2009

Caos

Caos é se apaixonar por um Deus apaixonado.
Vastos impérios em profundas intempéries,
Vidas amaldiçoadas por erros inconsequentes,
Era de esperar o castigo, o ódio, o fim e o caos.
E o Criador, ocupado, não lhe dá os olhos.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Bolor

O bolor se fez perto dos livros esquecidos.
Não se sentiam vulneráveis, só esquecidos.
Queria que os vissem, os lessem.

Mas, inconvenientemente, a gente acaba prestando atenção na madeira velha.
Pelo menos, eu não lembrei dos livros.

domingo, 2 de agosto de 2009

Inverno

Vale dizer que o clima indulgente me fez esquecer da cara do Sol.
Se me lembro bem, sorria como tolo às desgraças do mundo.
Cara amarelada, que seria o jeito dele de demonstrar sua fúria.
Fusão nuclear, deixemos o papo intelectual de lado, enfim, esta era a fúria.

Fazia calor nos meus ombros, quando andei pelos meus caminhos.
Agora só tenho esse frio inconveniente e essa escuridão.
Frio que assusta a gente da rua, que nos faz abrigar na cama quente.
Pois se bem lembro, ouvi dizer que o Sol é a vida, mas que saudade...

Plágio

Diz que chorar é ruim.
"Põe um sorriso na cara!"
Mas quem nunca chorou por emoção?
Choro bom, choro bonito, choro sorridente...

Lágrima ruim é a da tristeza
Que destrói laços e esperanças
Mas quem nunca chorou por tristeza?
Vai ver Deus não quis que fossemos perfeitos.

Felicidade e tristeza,
Riso e choro.
Emoção, traição.
Talvez o Diabo criou a mágoa.

O Diabo dói n'alma.
Esquece o papo de esperança
Esquece o papo de sentimento.
A mágoa destrói o indivíduo.

O choro é um artista circense
Que equilibra os pensamentos inquietos.
Estrutura a forma de ver as coisas.
É o único jeito de a alma expelir as excreções.

Se de Deus ou do Diabo,
o choro é magnífico.
Purifica a podridão
Limpa o coração.