domingo, 26 de abril de 2015

Amor

é estranho esse apego à sobrevivência
quase cômico
tragicômico

eu e a vida tivemos nossas diferenças
nossos desentendimentos
e desconfortos

toda a morte morando em meus intestinos
esperando dar o bote na vida como uma cobra que se esconde nas curvas do longo trajeto do cotidiano
dormir acordar e morrer

e a morte se disfarçando em realidade pura e plena
nos meus estômago e mente
minha mente enfraquecida e submissa

me apego numa paixão cega
infinita
esperança

e os olhos se enchem de lágrimas que se recusam a escorrer
água e sal de orgulho absoluto e analítico
pela consciência de saber que vivo e existo

e amo

lutar pela vida
fugir do fim
rotacionar em experiências novas como uma bailarina que cai e levanta

escolher um Deus finito que cabe em mim
que é o significado da vida
e do tempo cronometrado num relógio esquecido

horas e horas que se juntam pra não chegar num fim
a vida eterna
o universo vivo
o futuro das coisas
a grandeza de ser
o fim da corrupção e da discórdia
o começo de algo velho

minha vontade de viver
pra todo
o sempre