segunda-feira, 9 de maio de 2011

Amo vocês

Alguma coisa aconteceu entre o dia que eu nasci e hoje. Eu não consigo descobrir o que é, por mais que eu nade nas minhas memórias e todas, mas todas, as vezes eu me afogue. É isso, respirar de novo e mergulhar. Memórias e memórias e memórias, mas nenhuma delas me explica onde eu me perdi. Onde foi parar aquele garoto maduro, amoroso e romântico? As pessoas crescem, vai ver é isso. Então eu desejo aos meus filhos que fiquem pequenos por toda a eternidade, correndo descalços na grama molhada, sujos de patas de cachorro por toda a roupa, comendo bolo de chocolate com as mãos sujas. Não crescam, minhas crianças. Passem o dia com a sua avó, contando sobre os casos e acasos da vida. Deixem que ela conte histórias para você enquanto vocês comem pinhão. As histórias são tão mais belas que as experiências. Aprendam a andar de bicicleta comigo, nós podemos tentar de novo todo final de semana nos parques gelados da cidade até nos tornarmos bons motoristas. Meditem com a sua mãe, deitados na cama prestando atenção na música. Prometo que nunca vou deixar que ela deixe de acariciar as tuas pequenas e magrelas costas, meus pequenos. Só não crescam, por favor. Não vão embora. Não me deixem sozinhos. Só queria saber quando fiquei tão fútil, seco e vazio. A solidão me fode, enquanto eu tento dormir, para tentar acordar, para viver.