domingo, 21 de dezembro de 2008

Coisa boba

Havia mais do que uma relação intrínseca entre os dois, muito mais que o desejo ímpeto de satisfazer um pouco de todo aquele prazer insatisfazível. Pois eles diziam que era isso: sexo. Afinal, que mal há em dois seres de sexos opostos se juntarem para fazer nada mais do que sexo? Ao meu ver, meu moderno ver, não é nada mais que uma grande reza a Deus, afinal, Deus gosta de sexo, dizem que Ele é putanheiro.
Era um domingo qualquer, daqueles domingos que a televisão pedia pra ser assistida, o parque pedia para ser caminhado, a cama pedia para ser deitada. Mas ele não aceitava aqueles chamados domingueiros, ele esperava fazer alguma coisa especial, sentou-se naquela cadeira velha que servia somente para os domingos (já que aos domingos ele experimentava fingir pensar no que fazer, mas nada fazia além de ficar sentado) e esperou, pois era o esperado dele aos domingos: esperar. Mesmo sabendo que não devia de fato esperar, pelo fato de não haver mais esperanças para toda aquela espera, o telefone tocou. Quantas vezes ele perguntou se um dia o telefone tocaria, possívelmente seria um domingo fantástico! Era ninguém mais ninguém menos que a Marcia, ah, amável Marcia. Marcia era uma telefonista da Embratel, perguntava se ele queria algum tipo de serviço que o fez pensar algo parecido com: "que caralho, desde quando telemarketing funciona aos domingos? será que não nos dão mais folga?"

Ao encostar o seu traseiro magro na cadeira velha ouviu a campanhia tocar. Talvez ele estivesse certo, o domingo seria diferente dos normais domingos, ou também poderia ser o Sedex que ele esperava da mãe, pois já que o telemarketing funcionava aos domingos, o correio poderia funcionar.
Nada, era a mais interessante fêmea, a mais faminta fêmea. Ela fazia 19 anos em março, não queria compromisso, muito menos sentimento, mas queria se divertir com o que ela tinha no peito (além da atração que aquele peito fazia sobre a boca dele). Ela sentia, mas não sabia admitir, ele não se importava, deram as mãos e rumaram ao quarto. Era incrível vê-los juntos, um misto de paixão adulta com paixão infantil, os dois pareciam dois amantes profissionais, mas também duas crianças brincando da mais pura forma. Era o sentimento, tudo que ela evitava.

Um dia a mãe descobriu o relacionamento pecaminoso dos dois. Pois não é que a velha a fez sumir? A menina era tola, jovem e acima de tudo muito corrupta. Não custou caro para a mãe comprar o sumiço da garota. Ela disse que tinha que ir embora, estudar, quem sabe fosse para fora do país, ou visitar os pais, sei que ela inventou alguma mentira boba que a fez nadar em um pouco mais de 4 mil reais.
Ele, entretanto, não gostou da brincadeira da mãe. Aonde já se viu gastar 4 mil reais numa criança boba? Ele disse:
- Como és tola, mãe. Se soubesse que era tão pecaminoso para você eu me ofereceria para ser comprado primeiro. Não quero nem imaginar o que você vai pagar pra sua secretária.
- O QUÊÊÊ?
- Um carro mãe, dá um carro que eu sumo da cidade.

Ele nunca mais viu a mãe, nunca mais viu sua paixão. Mas não se importava muito, já que a mãe era só mais uma carcereira na vida dele, e ela era só mais um sexo casual por quem ele era apaixonado. Obviamente, inúmeros outros cárceres e sexos casuais por quem ele fora apaixonado surgiram na vida daquele moleque inconseqüente. Pois independente das inconseqüencias, ele se divertiu.