quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Harmonia

Eu admito que houve uma certa fusão das nossas salivas. Mas será que não é certo tratar esse vício pela saliva alheia apenas como um vício? Acho que por mais que tentemos, nada ia dar certo. Eu querendo o teu pescoço, você querendo a minha posse, nós dois querendo ganhar um jogo. Pois eu adoro jogos, mas com você os jogos não são mais tão divertidos. Não imagine que estou dizendo que não possa me divertir com você, muito pelo contrário. Só não posso mais me divertir contra você.

Hoje, nos olhos daquela menina, eu vi um convite. Pois os olhos eram lindos, o rosto era lindo, tinhas de ver como era perfeito o perfil daquele rosto. Mas há certas coisas que não saem das nossas cabeças. Minha cabeça é um bocado de jogos bobos, fúteis. E ao olhar aquela garota eu não pude pensar que aquele convite era para me ver sorrir, para eu fazer alguém sorrir. Eu vi, naqueles olhos, um jeito de eu vencer de novo.

Tudo ficou tão medíocre quando eu precisava da tua mão. E eu disse que sentia falta delas, como quem espera ouvir que essas mãos também sentissem saudades. Mas não, as tuas mãos foram fortes, foram o mesmo que as minhas precisavam ser. As tuas mãos já tinham outras mãos agarradas. Por mais que eu pedisse pra que largasse aquela mão, que você dizia não gostar, você disse que não, que antes qualquer mão do que a minha. Eu havia entendido, você ganhou, de novo.

Pois nós tinhamos uma harmonia. A harmonia era tanta que um dia, lá atrás, ouvi dizerem: "Vocês só foram feitos um para o outro... Tão bom vê-los juntos..."