quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Herético

Ontem ouvi que não devia mentir. Se eu mentisse, coisas ruins aconteceriam. Eu pensei que tudo bem, pararia de mentir, já que eu sou assim, acreditador do que me falam. Pensei, mas parou por aí. Não demoraram 45 minutos para eu mentir novamente.
Eu menti ontem, sem demoras, menti hoje, mentirei amanhã, mentirei mentiras mentirosas sempre.

Não se preocupe, leitor. Sou mentiroso, mas aquele mentiroso de mentiras saudáveis. Que mente pelo bem, não pelo mal, já que pelo mal eu menti tanto que acabei por me cansar. O mal em si me cansou, me deixou meio solitário, com medo de tudo. O bem me agarrou de jeito, de mão dadas vamos indo, seguindo, sendo, aprendendo e se fodendo.
A última mentira foi pra ver alguém sorrir, a penúltima foi para dar créditos à uma outra pessoa. Minto para aliviar as tensões, para distribuir a alegria. Não sei, mas acho que ninguém pode me chamar de mentiroso, não sou mentiroso.

Sou dissimulador, leitor. Dissimulador artista, ator, poeta, contista. Autor das tuas alegrias, lê-me que te faço um carinho e um sorriso, pois me cansei dos meu choros de sempre (você já deve ter notado a mudança, não?).
Vou dissimulando como um herege que desmantela Deus. Que esquece da existência pecados para ter o direito de pecar. Um pecador enviado por Deus, se é que ele existe. Pecador que não entende de pecados, só peca, mas peca pelo bem. Deus existe, meu herege?

Deus existe! Aqui no meu peito, Ele existe. E não é como dissimulador que digo isso a você leitor. Existe, pois creio, não por querer fazer você crer.
Herético. Sou sempre assim. Mentindo que amo, que odeio, que sinto, que não sinto. Odeio Deus, odeio sempre. E por isso, sempre estamos de mãos dadas, no mais forte e puro romance. Amor de Deus é que nem amor de Mãe: AMOR, com todas as suas letras.