domingo, 7 de setembro de 2008

Sobre os relacionamentos

"Contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo...’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo', não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética."
Rubem Alves

É por isso que não sirvo para o amor. Acabei por descobrir que o meu problema jamais fora a paixão, nem mesmo o desejo, nem o libído extenso (que me trazia a faixa 'tarado'). O que me falta são as palavras, não aquelas que ela quer ouvir, mas as que todo mundo diz. Juro que sei falar um "Eu te amo" cheio de júbilo e romantismo. Sei fazer ela sentir que eu amo, até sei mais, amar demais quando não devo. O amor não seria problema jamais!
É, a solução estaria naquela conversa tola, sem nexo, apenas com o desejo da conversa. "Oi, tudo bem? Será que chove?"
Papear, prosear, jogar palavras para ouvir respostas, rebater, pra rebater, esse moto perpétuo que gera um "+" no The Sims. No jogo, pra mim, sempre foi fácil: "Conversar... Conversar... Conversar... Conversar... Conversar..." e deixava a coisa rolar, na velocidade 3, já que eu não tinha o empenho de ouvir os "Tuuu maaaa! Its a rooomday quickepallet!"
Essa conversa inútil que me dá nos nervos. Esse papo estúpido que toma meu tempo, meu beijo, meu sexo.
Definitivamente não me servem os relacionamentos. Não tenho interesse por fases básicas do namoro: primeiro o papo, daí o beijo, depois o orgasmo. Papo, pra quê papo? Eu amo ouvir, mas não me pede pra falar, não tenho saco pra falar. Beijo, eu gosto do beijo, mas não é aquele desejo por beijo, é só... beijo. Orgasmo, pra quê orgasmo? Me vale aquele sexo tântrico eterno, do prazer em não sentir o maior dos prazeres, só sentir o prazer pelo prazer, apenas.
E mais estranho que o meu refugio contra esses momentos do romance é esse fim de conflito que a solidão me provocou, finalmente. É aquele desejo que eu buscava entre o tirar de roupas e o orgasmo, minha mente tornou-se o prazer. Ah, o prazer!