sábado, 13 de setembro de 2008

Sobre a memória

"A memória excessiva não nos deixa respirar, a falta de memória pode conduzir-nos à insanidade da falta de ética."
Laura Ferreira dos Santos

Não me faltava a vontade de escrever, me faltava o tempo. Arranjei uns segundos para poder ler alguma coisa do Rubem Alves e ver se descobria alguma coisa sobre o Planeta Terra. Acabei por ler sobre a memória, acabei por descobri o que queria do show.
Além de ler e descobrir, acabei por desejar imensamente escrever. E isso tomaria mais do meu tempo, e daí?

Graças ao bom Deus, não me faltou ar jamais. Já que nunca me foi muito clara a memória na minha vida. Sempre tive uma inimizade pela mesma. Talvez fosse pela vergonha, pelo medo que o passado me traz. Essa briguinha que tenho com a memória me faz um sujeito sem histórias pra contar.
Naquela roda de amigos, todos rindo e contando as suas aventuras e desventuras, eu fico por ouvir, por dois motivos: sempre prefiri ouvir a falar e eu nunca tenho histórias. E quando as histórias vem em minha mente eu chamo-as de Estórias, tentando não me sufocar. Claustrofobia, quem sabe.
E a falta de ética? Insanamente ela é essencial na minha vida. Sou completamente anti-ético, dentro da minha cabeça. Sinto que às vezes gosto de não conhecer ninguém que possa ler mentes, pois minha mente funciona como um Bakunin, um anarquista, ou como um Chê, um revolucionário. Enfim, não presta de nada: anarquista revolucionária.
O que me faz esse tão semi-educado homem? O Silêncio. Poucos sabem que o silêncio que é a base de todos os meus relacionamentos. Já muito ouvi dizer que eu poderia falar mais, pois o silêncio incomoda. Não a mim, em nenhum momento o silêncio me incomoda, faz-me um bocado aliviado por não falar a verdade, ou não ter de mentir, ou não falar bobeiras.
Talvez a dissimulação seja a fuga para o silêncio, mas me basta de mentiras. Fico com o silêncio.