quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O Ditador

O General relinchava furiosamente apontando ao público:
- Nós não queremos ouvir mais a voz "deles", queremos ouvir a nossa voz, a voz do povo!
E o povo gritava, no auge do seu fervor.
Senti que só eu via que algo estava errado. "Mas quem seriam 'Eles'?". Uma coisa estava clara, aos meus olhos: "Eles", quem quer que fossem, não eram inimigos, eram vítimas, assim como o povo era.
Os gritos ensurdecidos com o meu pensar rugiam ao longe. Um toque no ombro silenciou a minha mente e deu força àquela sociedade que gritava. Era um curandeiro, já bem velho, que me chamara batendo o cajado em meu braço. Com um olhar misterioso disse:
- Queres saber quem são "Eles", não queres?
E eu, numa adrenalina incontível, olhei cheio de esperanças no fundo dos olhos daquele senhor:
- Por favor!
- Então vai encontrá-los. Vire na encruzilhada à esquerda.
Dos bolsos tirou um arma e num movimento mais ágil que o meu pensamento apontou para os meu olhos. Num segundo tudo ficou rubro... e a vista enegreceu... pra sempre...