segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sobre o calor das amizades

"Pedir demasiado é a maneira mais segura de receber ainda menos do que é possível."
Bertrand Russel

Lembro-me claramente, há mais ou menos um ano, que um amigo me disse "Ah! De que me vale a família? O Silka é mais família!" E eu, em meio ao meu egoísmo meninista, sorri orgulhoso. Digo egoísmo por não pensar mais orgulhosamente daquele comentário pedulento, que outrora soava tão bem, hoje me soa rude demais, sujo demais, triste demais.
Digo-lhe o motivo: a família, sobretudo, é a amizade. No calor da amizade adquirimos família, irmãos, primos, cunhados, mas são familiares passageiros, aqueles que um dia não serão mais família. Já a família de verdade jamais deixa de ser família, deixa de ser amizade. No entanto, qual o motivo de não criar um vínculo de amizade daqueles que estarão próximos ao longo de toda a vida?
Talvez eu esteja expressando-me mal. O objetivo não é degenerar a amizade, é elevar a família a um patamar superior, mais sagrado, mais concreto do que a amizade em si.
Essa degeneração eu não quis criar por esperar vendar os olhos para tudo de negativo nas amizades. Acontece que Bertrand Russel já disse, espera-se muito, mas esse muito é excessivo, mais do que recebe-se. E a amizade tira essa liberdade de pedir sempre mais, de sobrefuljar alguma necessidade d'alma.
A família não; pede-se mais, obtém-se mais, e pede-se, e obtém-se, e a alma, antes sangrando de dores, cicatriza calmamente, com os cuidados dos pais, da motivação pela vida dos irmãos. A alma pede sempre mais, por esse motivo as amizades não são eternas. Daí te digo o seguinte, se for pedir, diz assim: "Mamãe, ajuda esta alma ferida? Cuida desse teu filho?" E a amizade? Aproveite! Sorria! Abrace e compartilhe!