quarta-feira, 19 de março de 2008

Sobre o curitibano

Ok. Moleque sai da cidade grande e vai pro interior. No interior ele é, primeiramente, paranaense. Depois de um tempo vira curitibano, não é só paranaense, veio da capital. Todos queriam conhecer os seus conterrâneos, já o curitibano só enxe o peito e diz, com um certo orgulho exagerado, "sou curitibano" e não está nem aí pra conterrâneos.
Vem um sujeito do interior, simpático como o curitibano não é, alias, curitibano que é curitibano não gosta de gente simpática, enfim, o do interior, na maior das simpatias, quer apresentar outro curitibano pra este que vos escreve. Não sei o que diabos o do interior esperava que eu fizesse com um outro curitibano. Era pra ficar feliz?
O curitibano, vulgo eu, sempre foi cagão, mas se acostumou com a cidade. Aqui passou a caminhar sozinho, ao som da chuva na noite assombrada desse protótipo de favela. Casas de alvenaria, mas mal cuidadas, pessoas mal vestidas e funk (ah, descobri que funk é crime, disserto sobre o assunto mais tarde), tudo pra assustar. O curitibano anda por aí, sozinho, sem se preocupar com os perigos. Se fosse na cidade natal o sujeito morria, mas aqui não. Agindo como quem acha que em cidade "pequena" não existe violência anda despreocupado.
Sem medo gostei de andar no escuro. Sentia falta dele, é no escuro que eu me enxergo melhor. Ao som das gotas e dos trovões me sinto bem. Sozinho como sempre quis estar, sem chorar nem sorrir. E o curitibano passa a se divertir com pouco... ou com nada... passos.
Sabe as dores que o curitibano trazia? Cercou-as e guardou numa caixóla, cansou de tentar chorar, de querer sofrer, passou a viver as coisas novas.
Ah, as novidades, não fui preso, como achei que seria, devido ao exército. Também fiz a barba, não assusto mais as pessoas.
Na cidade do interior de São Paulo, sozinho, o curitibano diz, orgulhoso "sou de Curitiba e amo minha terra".

Ah, que saudade do meu povo, até amanhã.