quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Metamorfoses

"Antes de o oceano existir, ou a terra, ou o firmamento,
A Natureza era toda igual, sem forma, Caos era chamada,
Com a matêria bruta, inerte, átomos discordantes
Guerreando em total confusão:
Não existia o Sol para iluminar o Universo;
Não existia a Lua, com seus crescentes que lentamente se preenchem;
Nenhuma terra equilibrava-se no ar.

Nenhum mar expandia-se na beira das longínquas praias,
Terra, sem dúvida, existia, e ar e oceano também,
Mas terra onde nenhum homem pode andar, e água onde
Nenhum homem pode nadar, e ar que nenhum homem pode respirar;

Ar sem luz, substância em constante mudança,
Sempre em guerra:
No mesmo corpo, quante lutava contra o frio,
Molhado contra seco, duro contra macio.
O que era pesado coexistia com o que era leve.

Até que Deus, ou a Natureza generosa,
Resolveu todas as disputas, e separou o
Céu da Terra, a água da terra firma, o ar
Da estratosfera mais elevada, uma liberação.
E as coisas evoluíram, achando seus lugares a partir
Da cega confusão inicial
O fogo, esse elemento etéreo,
Ocupou seu lugar no firmamento,
Sobre o ar; sob ambos, a terra,
Com suas proporções mais grosseiras, afundou; e a água
Se colocou acima, e em torno, da terra.

Esse Deus, que do Caos
Trouxe ordem ao Universo, dando-lhe
Divisão, subdivisão, quem quer que ele seja,
Ele moldou a terra na forma de um grande globo,
Simétrica em todos os lados, e fez com que as águas se
Espalhassem e elevassem, sob a ação dos ventos uivantes [...]"
Ovídio (8 d.C.)