domingo, 16 de novembro de 2008

A leoa vai à caça

"O que ele amava outrora, como bem bem mais sagrado é o 'Tu deves'. Precisa agora descobrir a ilusão e o arbitrário, a fim de conquistar depois de um rude combate o direito de se libertar deste laço; para exercer semelhante violência é preciso ser leão."
F. W. Nietzche
 
Ah... Não sei... Sou um gato...
Eram tantos sagrados que nem sei bem ao certo o que hoje são dores, o que são horrores, o que são amores. Eu sei que a ilusão foi inundando os meus sentimentos, mas foi uma ilusão tão boa, tão segura, tão verdadeira! Por que mesmo eu preciso ser livre?
Conquanto eu tenha de sobreviver, ou melhor, viver, eu vou buscando as verdades que eu havia escondido. Como é bom buscar as verdades do passado, pois é lá que escondem os ódios que alimentam o leão. Mas eu torno a dizer que eu não quero o ódio, eu quero o aconchego que a ilusão me deu. Além de o passado alimentar, também, a ilusão, apagando  o ruim, dando ênfase ao que foi bom. Me pergunto se de fato vale a pena buscar as verdades.
É justamente a dicotomia bem X mal que me cansa do passado. Pra sobreviver preciso procurar as verdades outrora dissimuladas, mas eu não quero a força do leão, pois leão eu já sou.
Aliás, sabes que leão é vadio, não sabes leitor? A força dele eu sei que tenho, só não tenho o empenho de lutar para ser livre, assim como o leão não tem para caçar.
 
Elas querem igualdade, terão igualdade: A leoa que vá caçar.