quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Te conto uma mentira
sábado, 22 de novembro de 2008
Paixão
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Corcel Negro
domingo, 16 de novembro de 2008
Cio
(...)
Que há de mágico no amor senão o silêncio?
Que há de mágico num relacionamento senão o cio?
Que há de mágico no beijo senão o sexo?
Que há de mágico na abstinência?
Não há nada de mágico, não é se aproximar de Deus, de forma alguma. É aproximar-se do inferno, Deus gosta é do Nirvana, Deus gosta é do prazer.
Nosso Deus gosta é do cio.
A leoa vai à caça
sábado, 15 de novembro de 2008
Borboletas
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
A crueldade do sorrir
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Quilômetros
domingo, 9 de novembro de 2008
Ilusão
Depois que meu filho único foi embora, quando ele fez 21 anos, comecei a me achar meio velho. Crise boba de meia idade. Digo que era bobo, pois de velho eu não tinha nada. Era assim, trabalhar e aproveitar.
Pode parecer meio cruel ao dizer isto, mas como foi bom quando ficamos sozinhos de novo, como no início do casamento. Assim fomos, eu e o meu amor, apenas, até ela adoecer, e falecer. Foi quando ela se foi que a crise deixou de ser crise, eu de fato fiquei velho.
Não só velho, como solitário. O que eu faria do meu dia? Eramos nós dois, sempre unidos, brincando como crianças, como se a infantilidade ressurgisse todos os dias. Mas ela partiu, e meus dias não eram mais infantis, eram velhos. Dias velhos são aqueles dias de inverno, frios, chuvosos, mórbidos.
Foi em 96, dois anos após o falecimento da minha amada, que meu filho me visitou em um fim de semana aleatório. Ele costumava me visitar nos feriados, nas férias. Como era bom ver meu garoto de novo! Mas em 96 as coisas foram diferentes. Era um domingo qualquer, ele apareceu na minha porta, com um buquê de flores maravilhoso.
- Meu filho, como é bom te ver! Aconteceu alguma coisa? - Fiquei preocupado, ele viajara 12h para me ver, será que não teria acontecido algum imprevisto?
- Foi saudades, meu pai, só saudades. Queria lhe ver. As meninas não puderam vir, ficariam muito cansadas e teriam de faltar aula amanhã. - Por um momento fiquei triste, queria tanto ver as minhas duas pequenas netinhas, tão belas, tão doces. Passou essa dor em um abraço gostoso que o meu menino me deu.
Fiz o prato preferido dele para o almoço, jogamos conversa fora, buscamos lembranças da vida de menino dele, depois da minha vida de menino.
Nada me fez mais vivo que aquele domingo.
Na realidade, a vivacidade surgiu aí. Como era bom viver, agora eu tinha um motivo. Meu pequeno passou a me visitar todos os domingos, acho que notou que eu sofria arduamente de solidão.
Foram 4 meses de deliciosas tardes domingueiras. Nada era mais vantajoso do que trocar o Faustão pelo meu garoto. Mas um domingo ele não veio, eu esperava-o com aquele mesmo amoço de sempre.
Talvez ele estivesse cansado, ocupado, deixei-o cuidar da vida. Seria fácil aguentar outra semana tediosa para vê-lo.
E a semana passou, mas ele não apareceu de novo, daí fiquei preocupado.
Por mais que não gostasse, eu liguei pra ele.
- Meu filho, que saudade!
- Pois é pai, tempos que não nos falamos, ando ocupadíssimo!
- Ah, está explicado o porquê de não vir me visitar nos ultimos dois domingos, não é mesmo?
- Como assim, ultimos domingos?
- É, fiquei lhe esperando.
- Mas, por que?
- Porque eu já presumia que você viria.
- Como presumiu?
- Me acostumei com as suas visitas semanais, portanto achei que viria.
- Mas que visitas? Fazem quase 6 meses que não o vejo!
- Não? ... Tudo... bem...
Agora fazia sentido, como nós comemos tanto e mesmo assim sobrava almoço?
Como as flores que ele trazia nunca estavam nos vasos no dia seguinte?
Como nós não cansávamos das mesmas, exatamente as mesmas, conversas?
Como a solidão me degradou tanto?
sábado, 8 de novembro de 2008
Tosca
Não só fiquei feliz, mas também me senti estúpido ao acreditar em tamanha besteira.
Enfim, a felicidade veio devido ao meu anti-ufanismo, acredito.
Saudade existe, independente da raça, do credo, da etnia, então não haveria motivos para que nenhum outro povo nomeie esse sentimento.
Fiquei pensando se não haveria uma língua que não nomeasse o amor, a felicidade, a dor.
(Saudade: do russo tosca, do alemão sehnsucht, do japonês natsukashi, do latim desiderium, do grego antigo póthos)
... Que saudade!
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
P'an Ku
(Século III)
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Metamorfoses
A Natureza era toda igual, sem forma, Caos era chamada,
Com a matêria bruta, inerte, átomos discordantes
Guerreando em total confusão:
Não existia o Sol para iluminar o Universo;
Não existia a Lua, com seus crescentes que lentamente se preenchem;
Nenhuma terra equilibrava-se no ar.
Nenhum mar expandia-se na beira das longínquas praias,
Terra, sem dúvida, existia, e ar e oceano também,
Mas terra onde nenhum homem pode andar, e água onde
Nenhum homem pode nadar, e ar que nenhum homem pode respirar;
Ar sem luz, substância em constante mudança,
Sempre em guerra:
No mesmo corpo, quante lutava contra o frio,
Molhado contra seco, duro contra macio.
O que era pesado coexistia com o que era leve.
Até que Deus, ou a Natureza generosa,
Resolveu todas as disputas, e separou o
Céu da Terra, a água da terra firma, o ar
Da estratosfera mais elevada, uma liberação.
E as coisas evoluíram, achando seus lugares a partir
Da cega confusão inicial
O fogo, esse elemento etéreo,
Ocupou seu lugar no firmamento,
Sobre o ar; sob ambos, a terra,
Com suas proporções mais grosseiras, afundou; e a água
Se colocou acima, e em torno, da terra.
Esse Deus, que do Caos
Trouxe ordem ao Universo, dando-lhe
Divisão, subdivisão, quem quer que ele seja,
Ele moldou a terra na forma de um grande globo,
Simétrica em todos os lados, e fez com que as águas se
Espalhassem e elevassem, sob a ação dos ventos uivantes [...]"
Ovídio (8 d.C.)
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Gênesis 1:1-5
(400 a.C.)
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Trevo de quatro folhas
A idéia de tomar o trevo como símbolo surgiu do mito dos Leprechauns, duendes irlandeses. Eles são sempre representados na companhia de trevos grandes. Daí digo-lhe: a relação Leprechauns-sorte é ínfima! Considerei que de fato haja um pingo de intrisecularidade nesse dueto, explico em seguida.
Os Leprechauns são os duendes que guardam os potes de ouro aos pés dos arco-íris, são também os duendes que amam o dinheiro, portanto roubam moedas que os humanos vão largando pelos cantos.
Disse que a relação Leprechaus-sorte ser ínfima por ser, na bem da verdade, uma relação dinheiro-sorte, já que a economia requer, acima de tudo, sorte.
Mas então por que temos esse simbolo distorcido de que trevos de quatro folhas trazem sorte? Não deveriam ser símbolo do dinheiro?
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Falta tempo
Rubem Alves
Parece irônico apontar que os livros de Machado de Assis nunca foram os mais vendidos, já que ele é considerado um dos ícones da literatura brasileira. Na realidade Machado nunca esteve no topo das vendas. Há cem anos atrás, quando faleceu, seus textos ainda eram extemporâneos e não faziam sucesso, hoje a leitura não faz parte da realidade brasileira.
Não só o Brasil, como o mundo, tem entrado em processo de agilização. O tornar ágil do trabalhador globalizado proíbe esse de usar o seu tempo para ler um livro. Ler dispende muito tempo, já que se trata de um mastigar de informações, não de decorar um texto alheio. A realidade do país é outra: degustar a informação já mastigada, proveniente das notícias da televisão e da internet. Essa atitude, a princípio, parece inofensiva, já que os hábitos da vida tecnológica tonaram-se universais, mas ela acaba criando uma imagem negativa e vulgarizada sobre a leitura. Ler tornou-se sinônimo de gastar tempo.
Os sofredores não são só os escritores, que acabam sem compradores dos seus livros. Sofrem também os próprios não-leitores, que abdicam o tempo da leitura para outro tipo de lazer. Ler incita o pensar e permite estar sempre em contato com as normas da Língua, possibilitando um escrever e um falar correto. Portanto, ler jamais é sinônimo de gastar tempo.
domingo, 2 de novembro de 2008
Big Ben
Por mais pensante que eu seja, isso jamais fora parte das minhas questões. Pouco me vale a explicação do passado. Vai ver é aquela premissa: Passado... e só...
Daí me perguntam em que início eu acredito, se de Deus, se dos cosmos, se do Ser, se do Não-ser, se do Nada absoluto, ou ainda se jamais viemos, sempre estivemos. Digo o seguinte, estou aqui, leitor.
Leitor, uma coisa que eu jamais esperaria era tomar gosto pela Lua, pelas estrelas, pelo passado que o Céu tem pra nos contar. Digo que jamais esperaria pelo fato de o passado ser o grande Cupido dessa paixão. Enfim, apaixonei-me, nada mais belo que a Lua de ontem: um filete branco, uma estrela logo abaixo, bem brilhosa (no caso Vênus).
Num momento de desespero acabei me perguntando se Astronomia não era uma boa. Acontece que Astronomia não dá dinheiro! Antes da paixão pelos astros apaixonei-me pelo dinheiro! Lembro que eu recebia uma mesada de cinqüenta reais quando pequeno, o gastar era inviável, daí juntei 600 contos pra comprar um furão, enfim, o fato é que eu não gastava por nada, já que o dinheiro era a minha paixão. Sempre pão duro, obviamente.
Vamos voltar a primeira escolha: Engenharia. Poucos sabem o porquê da Engenharia. Debandei pro lado da Astronomia sem contar pra ninguém. Engenharia com um pingo de Espaço, Universo.
Houve uma fuga do assunto, desculpe-me leitor. Explico o motivo. Eu, como disse ali acima, não me preocupava com o início, muito menos com o passado. Mas fui conhecendo a história do programa Apollo, que levou o homem pra Lua, fui conhecendo a história da curiosidade que a humanidade tem pelo Ínicio. E é a Astronomia que tem a mais bela das perguntas: o que houve antes do Big Ben?
A pergunta é bela pois transcende religião, juizo de valores, até mesmo a imaginação dos que criam a teoria.
E Deus? Acredite, eu não acredito que ele criou o mundo. Mesmo assim, anda aqui comigo. Deus é mais uma expressão vazia, Deus é tudo, é nada, sou eu.