segunda-feira, 9 de março de 2009

Passei

Buscava pouco mais que esperança, afinal nem mais as pernas o aguentavam. Já era tarde, passava das duas, sem querer olhou o relógio. O tempo era uma espécie de religião, o relógio era a Igreja. Pois olhou, notando tardiamente que não devia ter olhado. Pobre, mal sabia que nem a esperança podia ser esperada; o tempo não esperou, queria crer que esperaria, mas não esperou, então por qual motivo devia esperar a esperança? Aliás, ninguém esperou, nenhum deles. Não muda, é sempre assim: não se espera.
Passou tudo, tudo bem lento, mas passou. Quem diria que passaria por tamanho desaforo?