sexta-feira, 20 de março de 2009

Doce paraíso

Uma vez ouvi falar sobre um paraíso fora do comum. Dizia que quando morre-se, tem-se o direito de escolher o paraíso. Explico. Quando o sujeito morre, sujeito bom, cumpriu suas tarefas pela Terra, foi bom cidadão e tudo mais, ele pode escolher um único lugar para passar a sua eternidade. À princípio pensei que isso deveria ser o paraíso mais infernal de todos. Não conseguia me imaginar no mesmo lugar por toda a eternidade. A eternidade pode durar muito tempo, consequentemente entediaria o sujeito.

Pois passou o tempo, bastante tempo, e acabei por relembrar desse tal paraíso (sim, lembrança totalmente aleatória), daí pensei sobre a minha posição que eu tomava antigamente. Será que, se escolhesse bom paraíso, ele seria tedioso?
Sei que escolhi o meu paraíso. Transformaria o Museu do Olho no meu Céu. Não que eu não conheça lugares mais bonitos, mais divertidos, mais interessantes. É que meu paraíso seria completo, seria uma retrospectiva da minha vivência. Seria o melhor e o pior do que já vivi. Eis o anti-tédio do meu paraíso, seria tanto Céu como Inferno, eu seria Deus e o Diabo.

Seria um sujeito saudosista que não consegue largar o passado.