sexta-feira, 27 de março de 2009

Agora

Eis uma revisão tola dos atos dos bichos homens, mas hei de fazer por este ser o meu trabalho, revisar os atos dos bichos homens. Portanto falo a ti, leitor, que considero a infância uma fase estúpida, porém necessária da vida. Nessa fase estúpida, elas, adivinho que todas elas, inclusive eu e você, costumam brincar de lutar. A luta, dizem os sociólogos, psicólogos e antropólogos, seria um meio de a criança começar a enfrentar os seus desafios, seus medos, seus concorrentes. Os extremistas diriam que é culpa da televisão, que impõe nas crianças a violência gratuíta, fazendo com que lutem entre si e, embora não seja o objetivo inicial da brincadeira, acabam se machucando. Eu digo que é macaquisse, criança é idiota e não tem o que fazer.
E nesse não ter o que fazer elas dizem frases de efeito, são elas que me fazem acreditar mais nos extremistas do que nos sociólogos. As frases de efeito são geralmente as ditas pelos heróis nos desenhos, frases prontas e fora de contexto, o que jamais acontece numa luta real. Na luta real os bichos homens se espancam e gemem, mas não param para dizer "Você vai aprender que o bem sempre vence" ou "As forças da natureza estão do meu lado, não há como você me vencer". Há frases e frases, inúmeras delas, todas sem sentido, mas uma delas estará presente em todas as lutas, sendo ela a única que realmente é expressiva e com conteúdo: "AGORA!". Agora naquele tom de explosão, que pode muito bem significar "Agora passei dos limites, estou pronto para te destruir!" ou "Agora amigos, saiam dos seus esconderijos!" ou simplesmente Agora.

Eu que ando minimalista, inconsciente das coisas, despreocupado e desleixado, andei pensando na frase de efeito e acabei por descobrir que nada é mais detalhado que a bendita frase de efeito. Como eu estou? Agora...