quinta-feira, 29 de maio de 2008

Sobre o amor pelo amor

Uma vez ele vivia pelo amor, vivia de amor. Até um dia em que brigaram. O amor pelo amor virou ódio e ele resolveu que o amor não existia, ou nunca havia existido na vida dele.
Três anos atrás de sexo, sem amor, jamais amor, odiando a idéia boba e utópica que o amor era. Três fartos anos de uma vida não muito significante, nem inteligente, nem saudável, nem muito relevante.
Transformou-se num demônio, ele que era um anjo. Anjo tosco, infantil, mais ainda sim um anjo. O ódio fez um diabo, tosco e infantil, mas ainda sim um diabo.
Um dia ele se depara com o ódio e o amor em pessoa. O ódio foi morrendo, pois ele viu o amor, que não via fazia eras. O amor dizia "Sei que me odeia, mas saiba que nunca te deixei." E o ódio não tinha muitos argumentos, só queria mostrar a ele que viver uma vida solitária era bom, mas ele teve aquele dia perfeito em que o coração pulsava uma paixão pela companhia.
Ele, em poucas horas antes via-se rodeado de pessoas, mas tão sozinho, agora via-se rodeado por mais pessoas, mas conectados a todas elas.
Beijou o amor, acabando com o ódio e abrindo os olhos. Viu o que não queria ver, ou o que evitava ver: tudo o que ele sonhava naqueles dias de solidão, naqueles dias em que chamava o amor de utopia inútil, viu que as coisas não eram tão cruéis como ele gostaria que fossem.

Tão bom viver o que um dia já foi casa.