quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Platônico, como todo o resto

Por ela eu trocava a mãe. Trocar a mãe era o máximo que eu podia, pois antes da mãe trocava a casa, o conforto e os gatos, mas a mãe sempre ficava pro final. Nunca pensei que diria isso, mas os olhos verdes, a pele branca e o cabelo ondulado me tiravam a atenção do mundo real. Seria cruel se a mãe soubesse que eu faço a mínima ideia de como a menina é, de fato, se é boa moça, educada, divertida. Sei que tem um sorriso explêndido, bochechas harmoniosas, rosadas. Mal sei seu nome, não conheço a sua voz, mas por ela eu trocava a mãe. Trocava meus dias, minhas noites, trocava o que precisasse trocar. Que bom que não sabe disso, senão tirava tudo o que tem pra tirar de mim. É óbvio que ela tem aventuras amorosas (ou prazerosas, que seja) com homens bem mais ricos, bem mais bonitos, mas, se é mulher de verdade, ia querer tirar um pouco de mim. Eu, sem mãe, sonhando dia após dia com aquela magreza de modelo, aquele olhar languido que me dá vontade de amar.