terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Força de vontade

Eu tinha preguiça de tudo. Vontade de dormir, mas eu tinha acabado de acordar. Não pensava em me mover, fazer qualquer coisa de útil, ou de inútil, que seja. Só pensava em duas coisas: ir à academia e fazer sexo. Não sou viciado em academia, nunca gostei de academia, mas meus braços finos estavam grossos e eu não queria que eles afinassem novamente, não era um culto ao corpo, mas era um culto ao meu tríceps. O sexo eu era viciado, era por isso que eu desejava-o. Enfim, o tempo passava e eu nem notava. Eu não fazia nada para os meus braços voltarem a crescer, nem tinha ninguem para satisfazer os prazeres da carne. Eu pensava comigo: será que a mãe precisa de mim para alguma coisa? E eu continuava deitado na cama, lendo o meu Misto-Quente (1982, Charles Bukowski), esperando que alguma coisa acontecesse, torcendo para que o sono não tirasse a minha atenção do livro.