sábado, 13 de junho de 2009

Aos vermes que corroem o meu bem

Esqueceu fora da geladeira e lá ficou. Os vermes tomaram conta do corpo e dele sobrou apenas a voz. Não sobrou muito da aparência, afinal nem o cabelo nem os olhos são os mesmos. Apodreceu como um velho solitário, esquecendo dos contratos sociais, dos respeitos e dos sentimentos.
Diziam que os vermes faziam um fedor inigualável, que o podre ele era de se jogar no lixo. Pobre, que não entendeu onde tinha apodrecido, achava que os novos conceitos de felicidade que faziam ele desgostoso. Eram os vermes, alguém pode dizer a ele que eram os vermes? Ele ficaria feliz em saber que a podridão tomou-lhe o corpo e que não era a maldade dele, era só um mal que veio e ficou, um mal que ele nunca convidou.