quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Serenata

Resolvi seguir os conselhos da mãe. Estava eu com meu violão embaixo da janela dela. Era minha última tentativa. Se uma serenata não funcionasse, nada funcionaria. Que besteira, serenatas. Eu falei: Mas mãe, serenata? Que coisa mais jacu! Ela respondeu: Ai filho, você não entende nada de mulher, não é mesmo?
Ela entendia, eu não, então eu toquei uma belíssima música que falava sobre o amor e a necessidade de ela morar em meu coração. E ela riu, gostou da atitude, e respondeu: Que merda de música, hein?
Gosto musical é algo muitíssimo pessoal. Queria poder dizer: gosto é que nem cu, cada um tem o seu. Mas eu estaria mentindo. A maioria, digo graaaande maioria, das pessoas tem o mesmo cu fedorento, ou seja, o mesmo gosto musical fedorento. É que, hoje, o gosto musical não está relacionado à qualidade musical. As pessoas não estão conectadas pela música do mesmo modo que estão conectadas a escritores, por exemplo. A música deixou de ser arte e passou a ser som de fundo, ou som de dança. Essa é a merda, todos conhecem as mesmas músicas que, artisticamente falando, são péssimas. Todas as pessoas cantando unissonicamente uma música ruim.