domingo, 10 de maio de 2009

Sentido

Esqueci dos detalhes, também esqueci de como era, talvez eu lembre de algumas passagens. Mas nada mais do que passagens, todas elas perdidas na cronologia temporal, algumas ligadas por músicas, por flashes, mas nenhuma ligada ao tempo ou ao sentimento. De quando em quando eu acho que elas deviam ligar-se uma na outra, prá tudo ter sentido, pois não há sentido no que eu sinto, muito menos no que você não sente. Mas prá quê? Prá dar uma cutucada no ego cristalizado? Que fique assim! Cheio dos orgulhos e dos ódios!

Quem sabe um dia eu volte prá casa, encontre meu gato no lugar que deveria estar. Daí eu me deito, a saudade materna se transforma em carinho. Carinho eterno, que me faz estático. Cada um vivendo o seu momento, até que o telefone toca e alguém me contar que aquela seria a mais alegre das noites. E seria de fato, ficariamos bêbados até cair, dancariamos até os dedos dos pés e os calcanhares pedirem socorro. Sentariamos no carro e conversariamos sobre os detalhes. Depois deitariamos no banco do passageiro e aproveitariamos o frio, o silêncio, o resto todo. E tudo teria sentido.

A criatura medo transforma esse idealismo em resistência. E eu deixo de esperar aquilo tudo prá esperar pouco menos. Fico com o gato, o carinho materno, nada que ultrapasse esses limites da minha necessidade. Afinal, se vivi esses tempos sem sentido, por quê ia querer o motivo agora?