terça-feira, 12 de maio de 2009

Semi angelical

Vulnerável e sem sentido. É assim que todo mundo deveria se sentir. Mas não sente por puro disfarce. Usa-se uma técnica especial de esconder o mundo dos olhos. E o verdadeiro mundo está lá, sempre pronto pra destruir e corroer aquele que acha que vê o que vê. Têm gente que vê orquídeas douradas, outros veem lírios roxos, há ainda aqueles que veem uma grande e espessa mata, cheia de vida e cor. Têm gente que vê pobreza, outros veem fome, há ainda aqueles que veem as guerras civis intermináveis, cheia de morte e sangue. Têm gente que vê religião, outros veem sentimentos, há ainda aqueles que veem a felicidade em si, inexorável, independendente dos sentidos. Têm gente que vê tristeza, outros veem solidão, há ainda aqueles que veem um jeito de viver mortos, sem motivo para acordar ou dormir. Têm gente que vê chicletes, outros veem salgadinhos, há ainda aqueles que veem aquela dor de barriga e aquela dor na mandibula de tanto mastigar doces. Têm gente que vê tequila, outros veem maconha, há ainda aqueles que veem aquele meio de ficar insâno para sempre, vivendo a loucura eterna.
Têm gente que vê Deus. Têm gente que vê o Demônio.
Mas nunca ninguém vai ver que o mundo não é o que é. As pessoas não são quem são. E aquele que olha para o espelho e diz que se viu, mentiu, afinal, o espelho é luz. Luz por si só, que sai do infinito e passa distorcida aos olhos. Se viu Deus diga que viu o Demônio, ou vice-versa, ninguém vai acreditar mesmo! E se sou Deus ou o Demônio, também ninguém saberá, ou alguém me vê?