sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ê pai

Sei, não nasci pra ser pai. Achava que tinha que montar uma família grande, três filho, cachorro, papagaio, o Willy, mas não, acho que não. Pai tem que ser forte sempre, lutar sempre, ganhar sempre. Pai é herói. E eu não sou herói.
E ser herói não é fazer um mundo melhor, é espantar monstros de armário e de baixo da cama, é comer jujubas brancas que os filhos não comem, é matar baratas e é salvar lagartixas presas.

Não estou com vontade de jujubas, diz o herói, e pedimos que ele coma as jujubas brancas, pois são nojentas. Come pai, por favor, é muito ruim. Se ele estiver sendo um bom herói ele come, faz cara de prazer e diz Vocês não sabem o que estão perdendo, com vontade de ensinar aos filhotes que ser pai também é ser herói, uma lição distorcida que um dia será entendida.

E eu, que odeio as jujubas brancas, vou dizer o que? Ah, não estou com fome. Mas pai, diriam eles, come só essa, tá acabando! E eu poria-as na boca e engoliria duma vez, fazendo cara de nojo enquanto ninguém vê. Que jeito nobre de ser herói, ou anti-herói.
Ser pai? Cuido do meu gato... E olha lá.