terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Cirrose e uma dose de ânimo

Silêncio

Parece que estou em pânico

Eu não sei bem como é estar em pânico

Lembro de tantas vezes que senti o maior dos medos
E esses medos eram tão intensos

Meu medo não é intenso

Meu medo é constante

É o meu estômago me corroendo desde a hora de acordar até a hora de dormir

Um medo que não assusta

Parece pânico

Sinto que me prenderam num manicômio porque sou maconheiro
Não porque sou louco

Sinto que estou enlouquecendo cada vez mais
Preso dentro de mim



Silêncio

Parece que vai chover de novo

Eu odeio a chuva

Parece que vai acabar mais um ano

E eu odeio o fim do ano


Silêncio

Medo

Pavor

Espero sentado
Me levanto
Ando
Sento de novo

Quero gritar tão alto
Pra ver se estoro logo os meus próprios tímpanos
E as minhas cordas vocais
E todas as minhas veias e artérias

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHBOOM!


Silêncio

Parece que não vai parar de chover nunca.

E eu não grito porque...
De que adianta gritar como uma gata no cio?

Parece pânico.
Mas não sei bem.

Me calo.